segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Nos reclames do plim plim.

     O garoto chegou da escola, jogou a mochila na poltrona e esparramou-se no sofá, ao lado da mãe. Na TV, dois personagens conversavam. A mãe, como se fizesse parte da trama, deu risada.
    - Esse Crô não existe! Ele é divertido demais. – disse a senhora, compenetrada na novela.

    - É mesmo. Mas, eu também sou divertido, fala aí!?
    - Você é, sim, meu filho.
    A cena continuou. A patroa de Crô o insultava e ele se prostrava diante da sua “Rainha do Nilo”.
     - Essa Tereza Cristina tem muita sorte! Queria eu ter um servo assim.
    - Mas, eu te amo, minha “Rainha do Amazonas”!
    - Eu sei, meu filho. – disse ela, sem tirar os olhos da telinha.
    - Mãe, eu tenho uma coisa pra te falar.
    - Psiu! Espera o comercial!
    Depois de alguns minutos, o comercial. A mulher virou-se para ouvir o que o filho queria lhe dizer.
    - Então... Eu estou meio sem graça de te contar isso, mas não consigo mais guardar esse segredo.
    - Conta. Pode contar pra mim.
    - Eu sou gay.
    O silêncio reinou por longos três segundos. A mãe o fitava, descrente.
    - Tá. E aquela namoradinha da semana passada? – ela não queria acreditar.
    - Eu arrumo várias “namoradinhas” pra esconder o que eu sou e o que sinto de verdade. É só pra fingir pra sociedade, mãe. – lamentou-se o rapaz – Mas, eu não posso mais! Isso não é vida! Eu quero ser feliz. E, não quero mais mentir pra senhora. – baixou a cabeça.
    A novela voltou a ser apresentada. Ela olhava sem assistir. Não escutou nem uma palavra das personagens, estava alheia ao que acontecia com a nova milionária em sua mansão.
    O filho olhou a mãe. Lágrimas caíam silenciosas pela face marcada daquela mulher. Ele a olhou de novo e não aguentou. Não dava para ir adiante.
    Começou a rir, deu gargalhadas.
    - Ah, mãe! Para de ser louca. Eu sou homem, a senhora não sabe disse, não!? Gosto é de mulher! – e continuou rindo – Estava brincando com a senhora. Parece que nem me conhece.
    A mulher, depois de enxugar o rosto e contar até dez, começou a dar “palmadinhas” no ombro e na cabeça do filho.
    - Você é que está louco, menino! Vê se isso é assunto que se brinque!
    Passado o susto, voltada a concentração para a novela. Tudo estava normalizado.
    - Mas esse Crô é demais, mesmo! O melhor da novela! – divertia-se a mãe com mais uma cena do personagem.
    E continuaram ambos vivendo a realidade da ficção.

10 comentários:

  1. Olá.
    Adoreiii...

    Vou usar essa "historinha" como parte da minha pregação no Grupo de Jovens, ok?!

    Parabéns!
    Bjs
    Paty Magela

    ResponderExcluir
  2. fique à vontade, paty!!!
    =]
    obrigada pela visita, pelo coments e por ter gostado.
    beijossssssssss

    ResponderExcluir
  3. Oi Mara. Na minha opinião, este é o melhor artigo seu até agora. Parabéns pela sua sensível e inteligente criação literária. Abração!

    ResponderExcluir
  4. Professor,
    Muito obrigada, mesmo!!!
    Esse é diferente dos outros textos que eu já postei no blog. Apesar de estar bem explícito o meu ponto de vista - ainda mais pra quem já leu outros "pontos de vista" aqui -, achei q assim abordaria melhor o tema, sem a "fadiga" de explicações desnecessárias e já conhecidas.
    Fiquei muito feliz por vc ter apreciado essa "criação literária". =]

    ResponderExcluir
  5. Este seu artigo nos leva a refletir em algo que sempre me intriga, "a arte imita a vida ou a vida imita a arte?".

    Esta é uma estória, ou talvez história em que não se pode ler sem pensar que o fim não chegou (ainda).

    Quisera eu pensar que teria um final feliz...

    Tenho muito orgulho de você Mara... muito mesmo!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Elias,
      Acho q o mundo caminha para que essa história tenha um final feliz... e, eu farei o que puder para isso acontecer!!!
      Te admiro muito, vc sabe =]
      Obrigada por tudo e, principalmente, por ter me ajudado a ser uma pessoa melhor e mais humana!!!
      beijossss

      Excluir
  6. Elienai Dias Valadão18 de janeiro de 2012 às 11:50

    Amiga,
    Adorei esse texto,m adoro a forma que você escreve.
    Mas é muito estranho imaginar como as pessoas aceitam tudo quando é na casa do vizinho e quando acontece dentro de casa é tudo diferente. Quero tanto conviver com pessoas que amem acima de tudo...
    beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu tbm "quero tanto conviver com pessoas que amem acima de tudo"
      quem sabe este dia chegue logo, neh!?
      Obrigada pela visita e pelo coments, saudadesssssssss =]

      Excluir
  7. Adorei Mara,
    Eu também penso assim, todo mundo quer olhar, admirar, até mesmo se "sensibilizar" com certos paradigmas, mas comigo não!!! rsrsrsr.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. pois é, Keila...
      valeu pela visita e pelo coments...
      volte sempre com seu ponto de vista rsrs =]

      Excluir

Compartilhar "pontos de vista" é sempre engrandecedor. Obrigada pela visita e volte sempre!