quinta-feira, 4 de abril de 2013

Aborto, um crime contra a vida?


    Como em tantos outros temas, a legalização do abordo também passa pela esfera religiosa. Lembro-me de que, durante a campanha presidencial, levantaram a possibilidade da então presidenta, Dilma, legalizar essa prática no Brasil. Obviamente, ela desmentiu os boatos. Arriscar sua eleição se posicionando sobre algo tão polêmico seria burrice com a vitória nas mãos.

    Em nosso país, a gestação pode ser interrompida em caso de estupro, fetos anencéfalos e quando há risco de morte para a mulher.
    Durante muito tempo, fui contra o aborto por sempre achar que o casal tinha obrigação de assumir as consequências do sexo sem prevenção – só fica grávida quem “quer”. E, em uma conversa explanei esse meu ponto de vista. Em contrarresposta, a pessoa com a qual discutia o assunto me fez rever meus conceitos, levando-me à reflexão de que a opção pelo aborto também gera suas próprias consequências – físicas e mentais –, seja a curto ou a longo prazo. Afinal, para toda ação, uma reação!
    Ter um filho não é tarefa fácil, da qual a pessoa possa simplesmente desistir no meio do caminho.
    O maior argumento contra o aborto está ligado ao assassinato, já que todos têm o direito à vida e, sendo assim, ninguém pode privar o outro desse direito.
    Quantidade não é sinônimo de qualidade!
    De que adianta mais seres humanos nesse mundo?
    Talvez a escolha pelo aborto aconteça para uma criança não ser gerada sem o mínimo necessário para se viver bem – ou apenas viver. Nem digo só pela pobreza dos pais – que, apesar de ser fator importante, não é certeza de má qualidade de vida –, mas também por falta de estrutura psicológica e emocional dos mesmos.
    É necessário pensar, sim, nos diferentes tipos de condições de vida que aquele feto indesejado pelos pais será educado. Estamos falando da formação cidadã que ele receberá e sua consequente atuação no meio.
    Existem exceções? Pode ser que esse neném venha a ser uma pessoa equilibrada, íntegra, sem transtornos psicológicos e que tenha um futuro promissor? Lógico! Mas, trabalhar com probabilidades pode não ser o ideal.
    Concordo plenamente que conscientização e prevenção sejam palavras-chave, porém, utópicas quanto ao real alcance. Conscientização é a palavra que mais acoberta possíveis transformações. Fala-se muito em educar e conscientizar, deixando de lado providências imediatas, não só em relação ao aborto, como para tantos outros assuntos para os quais esta certa “conscientização” seria muito bem-vinda. Mas, parafraseando Machado de Assis, “... não bastam esperanças, a realidade é sempre urgente”. Menos idealismo e mais ação! Mulheres são mutiladas por “açougueiros” nas mesas de clínicas clandestinas – isso, quando não morrem –, e nada é feito para acabar com essa realidade.
    O que eu gostaria de saber é se as mesmas pessoas, que levantam cartazes contra o aborto, agem, de alguma maneira, para ajudar crianças reais – que já estão no mundo – que são abandonadas em orfanatos por não serem desejadas, cuidadas e amadas por seus pais biológicos. Porque, mais importante que nascer é já estar vivo. Alguma coisa é feita por crianças que vivem na rua sem uma estrutura familiar descente, passando fome? Ah! Que o governo se responsabilize por elas, não é mesmo!? Pois o interesse e o amor ao próximo está em vê-los nascer e não em como vão viver. Arregaçar as manguinhas e adotar uma dessas vidas que veio ao mundo pela falta do poder de escolha da mãe é para poucos! E, para esses, eu tiro o chapéu!
    Quem defende a vida – ou melhor dizendo, o ato de nascer – a defenderia em qualquer situação? Até quando a mulher está grávida por ter sido vítima de um estupro? Afinal, estamos falando em vida, e não em como essa vida foi concebida, certo!? O que importa é o blastocisto (para entender, leia: "Células-tronco e a 'moral' religiosa" ) ou o sofrimento causado por um dos crimes mais bárbaros pelo qual o ser humano possa passar?
    Quando o aborto não se enquadra em um dos casos já permitidos no Brasil - estes que, a meu ver, possuem  razões mais que justificáveis -, penso que possam existir soluções melhores, com menos riscos e mais altruístas, como encontrar uma família que queira cuidar do bebê, por exemplo. Mas apoio o direito legal da mulher optar ou não pelo aborto. Sou a favor desse direito: o direito da liberdade de escolha, o direito de decidir sobre o seu corpo e a sua vida. Aí, vai do entendimento e da realidade de cada uma abortar ou não. Não nos cabe julgar, embora sempre o façamos.


4 comentários:

  1. Como sempre não posso deixar de puxar sardinha pro seu lado, vc escreve muito bem!
    Bom, até posso imaginar quem foi a pessoa que à fez rever seus conceitos. hehehehe
    Sou totalmente a favor do aborto, mas, em uma sociedade completamente desenvolvida educacionalmente, o que, vergonhosamente, não é o nosso caso, em nossa situação atual, isso somente seria uma "válvula de escape" para pessoas que como sempre digo não têm capacidade para criar sequer um animal de estimação!
    A principal luta de todas as pessoas que defendem uma sociedade melhor, ou algo do tipo, deveria ser para uma melhor educação, o resto seria consequência!
    Thiago Furtado

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  2. Pois é, meu amor, investir em uma educação de qualidade é a melhor solução, mas nada é feito! Uma pena para a nossa sociedade...
    Quem será que me influenciou, hein!? heheh
    Tenho muita sorte de ter ao meu lado uma pessoa como vc, com visão tão realista e sábia... =]

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  3. Nos EUA, até o terceiro mês de gravidez eles simplesmente sugam o embrião, depois do terceiro mês eles usam injeção de solução salina dentro do líquido amniótico.
    O ex presidente dos EUA, Bill Clinton, pediu um laudo bíblico pro sacerdote dele chamado Vaught, e este forneceu uma boa explicação sobre este assunto.

    1980s: pro-choice since Bible defines life starting at birth
    Bill Clinton was struggling over the definition of human life. He asked his pastor, Vaught, whether he could provide some insight.
    Vaught was one of the leading abortion opponents among Little Rock clergy, but he said he shared some of Clinton’s ambivalence, having personally witnessed “some extremely difficult” pregnancies. He was not convinced that the Bible forbade abortion in all circumstances.The minister went to his Bible to reconsider, after which Vaught determined that in the origina Hebrew, “personhood” stemmed from words translated as “to breathe life into.” Thus, he averred, the Bible would define a person’s life as beginning at birth, with the FIRST INTAKE OF BREATH. He reportedly told the governor that this did not mean that abortion was right, but he felt one could not say definitively, based on Scripture, that it was murder. In all of his discussions about abortion thereafter, Clinton relied on his minister’s interpretation to bolster his pro-choice position.
    http://www.issues2000.org/celeb/Bill_Clinton_Abortion.htm

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  4. e em q momento eu falei em espírito???

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